domingo, 4 de abril de 2010

As mulheres e suas bolsas

Dificilmente encontramos uma mulher desacompanhada de uma bolsa. Isto é um fato inegável, visto que a bolsa constitui um acessório praticamente indispensável na composição do vestuário feminino.

Qualquer um de nós já deve ter ouvido ou feito comentários do tipo "numa bolsa de mulher cabe o mundo" ou "numa bolsa de mulher pode-se encontrar de tudo". E não é difícil ver uma mulher "perdida" entre os vários objetos guardados em sua bolsa, procurando algo sem o achar.

Outro fato inegável é que a mulher muito raramente deixa alguém ver o conteúdo de sua bolsa. E, mesmo quando deixa, não o faz sem expressar aquela sensação desconfortável de estar sendo "revelada", "despida" diante de olhos estranhos.

Nota-se que tal sensação, embora ocorra principalmente diante dos homens, ocorre também em relação às demais mulheres. Quase nunca uma mulher se permite "explorar" o que existe dentro da bolsa da outra; parece que existe uma lei geral de não-invasão, de não-curiosidade, movida por um sentimento de cumplicidade.

Apesar de existirem evidentes diferenças individuais, todas as mulheres compartilham de características psicológicas semelhantes, originárias das várias faces do arquétipo feminino, da imagem primordial da mulher. E uma das coisas importantes que as unem é justamente a importância que todas elas conferem à bolsa.

A importância da bolsa é tanta, que se revela pelos detalhes: tamanho, formato, cor, acabamento (interno e externo), facilidade de manuseio, de abrir e fechar, quantidade de bolsos externos, presença de bolsos internos e divisórias e outros "lugares secretos".

Tantos detalhes assim refletem uma preocupação básica: a bolsa serve para acompanhar sua dona onde quer que ela esteja e, sendo assim, precisa ser o mais funcional, ergonômica, prática e bonita possível.

A moda, aqui, surge para satisfazer esta necessidade feminina em seus vários níveis, alimentando este eterno hábito das mulheres. A cada temporada, oferece versões reformuladas deste utensílio, transformando-o mas sem fazer com que perca sua principal utilidade: guardar as coisas, facilitando o seu transporte.

Uma coisa é certa: toda mulher prefere escolher pessoalmente a sua própria bolsa, já que esta será seu acessório pessoal e intransferível, acompanhando-a por onde for. Por esta razão, a bolsa é um meio valioso para se conhecer uma mulher, pois revela características pessoais de sua "dona". Pode-se dizer sem medo que a bolsa reflete anseios e desejos da mulher, sua imagem pessoal., expectativas de vida e visão de mundo.

Mais que um objeto de moda, a bolsa é um verdadeiro acessório psicológico para a mulher. E um acessório importantíssimo, quase vital para a composição de sua identidade - do qual, muitas vezes, ela não consegue se separar.

Tudo o que uma mulher guarda em sua bolsa tem importância. Não importa se o objeto em questão tenha ou não grande valor financeiro, cada item da bolsa feminina é valioso, tem um porquê definido, um motivo. Consciente ou ignorado.

Conhecer os motivos que se escondem por trás de alguns objetos comumente encontrados em bolsas é conhecer um pouco da natureza da mulher que os carrega. Sendo assim, com base na Teoria Motivacional do psicólogo americano Abraham Maslow, podemos tentar classificar o conteúdo das bolsas femininas nas seguintes categorias:

- Lenços, remédios, absorventes íntimos, óculos (de grau), escovas de dentes, preservativos/anticoncepcionais, bebidas, alimentos, guarda-chuvas: refletem motivos primários de ordem fisiológica, pois geralmente se relacionam à higiene pessoal, fome, sede, sexo, à proteção do corpo no sentido puramente físico.

- Chaves, dinheiro, cadernetas de endereços e telefones: indicam necessidade de segurança, no sentido de proteção contra o inesperado e perigoso, preocupação com um futuro não muito remoto. Os motivos de segurança também podem ser considerados como motivos primários.

- Pentes, escovas de cabelo, espelhos, batons, perfumes, estojos de maquiagem, bijuterias e afins: refletem intensa preocupação com a aparência física, no sentido de como ela é percebida pelos outros. Refletem, pois, motivos sociais. Por estarem diretamente ligados à vaidade feminina, indicam necessidades sociais de participação, associação, principalmente de aceitação pelos outros, de dar e receber amor (inclui-se, aqui, a questão da sedução, a poderosa "arma feminina" de conquista e reconhecimento pessoal). Além disso, estes elementos também refletem necessidades do Ego (Consciência), relacionadas à auto-estima (auto-respeito, auto-confiança, demonstração de competência) e à reputação (apreciação social, reconhecimento).

- Agendas de anotações diárias, cadernetas de notas, canetas, calculadoras: refletem motivos sociais, planejamento do tempo futuro (não-imediato), administração de carreira e/ou da vida pessoal, talvez indicam necessidade de auto-realização. Podem ser objetos íntimos de anotações pessoais (necessidade de privacidade, auto-satisfação) ou profissionais (necessidade de demonstrar competência, habilidades intelectuais, aprimoramento profissional - motivos sociais de status, de diferenciação social).

A lista prossegue, quase infindável. Há itens, inclusive, bastante ambígüos, que tanto podem pertencer a uma categoria como a outra, ou até fazer parte de várias categorias ao mesmo tempo.

Os objetos citados acima foram escolhidos por serem os ítens mais comuns, os mais facilmente encontrados na bolsa de uma mulher. Mas, se você quiser tentar classificar uma mulher pelo que ela guarda em sua bolsa, já deve ter alguma noção de como é complexa e incrivelmente múltipla a mente feminina. Um verdadeiro desafio.

Fonte: Rosy Feros. *-*



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